1Samuel 23 | Lugares seguros
Enquanto Davi está se escondendo de Saul, chega ao seu conhecimento que os filisteus atacaram a cidade de Queila. Esta se situava no oeste de Judá, não longe do bosque de Herete. Os filisteus estavam saqueando as eiras, ou seja, tomando do alimento da colheita do povo da cidade (1Samuel 23:1).
Davi faz uma boa ação
Davi não fica indiferente à situação em Queila. Mesmo sabendo que sua vida estava em perigo, ele não teve medo de se expor para ajudar aqueles que precisavam. Antes, consultou o Senhor para saber se deveria de fato atacar os filisteus. O Senhor respondeu positivamente, afirmando que Davi deveria ir e salvar a cidade de Queila.
No entanto, os homens de Davi questionaram a decisão, revelando o medo que sentiam. Por conta disso, Davi consultou o Senhor mais uma vez, ao que o Senhor respondeu novamente ordenando que se levantasse e fosse até Queila, porque Ele entregaria os filisteus nas mãos de Davi (1Samuel 23:3-4).
A última palavra é do Senhor. Davi ouve os medos dos homens que o acompanham e leva em consideração o que dizem, mas faz como o Senhor ordenou. Se Ele disse que iria entregar os filisteus nas mãos de Davi, então Ele faria isso. De fato, Davi e seus homens massacraram os filisteus, salvando o povo de Queila.
Davi viu um problema que demandava ação. Antes de agir, porém, buscou compreender a vontade do Senhor. Uma vez que ficou claro o que Deus queria dele naquela circunstância, Davi não se deixou levar pelo medo, mas obedeceu com confiança. Esse é o posicionamento que se espera de nós também nos dias de hoje, para agir em favor daqueles que precisam de ajuda.
O deus que Saul adorava
Ao saber que Davi estava em Queila, Saul diz que Deus o entregou em suas mãos (1Samuel 23:7). É no mínimo curioso que o rei mostre confiança nisso, já que ele vivia cada vez mais distante do caminho de obediência. De fato, isso mostra o quanto a visão que Saul tinha de Deus estava deturpada. Saul não conhecia o Senhor e se afastava cada vez mais dEle, criando um deus à sua própria imagem para adorar.
Davi ouve que Saul planejava o mal contra ele, e pede que o sacerdote Abiatar traga o colete sacerdotal, a fim de consultar o Senhor (1Samuel 22:20; 23:6,9). Dessa forma, Davi recebe confirmação do Senhor de que Saul se dirigia a Queila e que os moradores da cidade entregariam ele e seus homens ao rei (1Samuel 23:10-12).
Após obter a resposta do Senhor, Davi e seus homens partiram de Queila, avançando até onde foram capazes. Quando soube que Davi havia saído da cidade, Saul desistiu de atacá-lo. Assim, o Senhor salvou a vida de Davi mais uma vez e mostrou que a confiança de Saul estava depositada no deus errado.
O verdadeiro amigo
Jônatas vai até o deserto, a fim de falar com Davi e animá-lo. Ele demonstra admiração por Davi, declarando aquilo que verdadeiramente acreditava ser o destino do amigo. Jônatas cumpre um papel importante na vida de Davi, não apenas porque selam um acordo (ou aliança) diante do Senhor, mas porque de fato o cumprimento disso é visto na amizade deles.
O amigo ama em todo o tempo, e na angústia nasce o irmão.
Provérbios 17:17
Nós precisamos de amizades como a de Jônatas e Davi. Precisamos de amigos que apareçam nos momentos difíceis, trazendo palavras de ânimo e conforto. Precisamos de amigos que olhem para as nossas vidas e enxerguem aquilo que Deus já está fazendo nelas, nos ajudando a manter o olhar fixo nEle.
Esse capítulo trouxe ótimas reflexões em cada uma das situações que narrou. Primeiro, vimos Davi agindo em favor do povo de Queila depois de consultar o Senhor. Depois, acompanhamos a fuga de Davi enquanto Saul o perseguia. E, no meio disso tudo, Davi é consolado pela amizade com Jônatas.
A situação de Davi nesse momento é uma ótima descrição do que muitos de nós entendemos acerca de deserto1. Uma fase difícil, marcada por sofrimento e problemas. Davi certamente estava vivendo isso, fugindo e se escondendo de Saul.
Mas, veja que interessante a perspectiva que o versículo a seguir traz (usando a tradução Almeida 21).
Davi ficou no deserto, em lugares seguros, permanecendo na região montanhosa no deserto de Zife. Saul o procurava todos os dias, mas Deus não o entregou nas suas mãos.
1Samuel 23:14
O deserto pode ser um lugar seguro. Isso não representa comodismo, já que a constante busca de Saul sugere que Davi também precisou se movimentar para fugir dele (1Samuel 23:24-26). Na verdade, a segurança do deserto não está relacionada às circunstâncias (que costumam ser bastante incertas), mas à companhia e proteção do Senhor.
Importante lembrar que, quando falamos da proteção e cuidado de Deus, não se trata de sermos isentos do sofrimento. Davi é a prova disso.
Sabemos que Deus faz com que todas as coisas concorram para o bem daqueles que o amam, dos que são chamados segundo o seu propósito.
Romanos 8:28
O bem não é viver confortavelmente ou seguro nos padrões do mundo. O bem é ser transformado à imagem de Cristo, não importa o quanto isso nos custe ou quanto sofrimento envolva. Se estamos nas mãos do Criador, não importa quão incertas sejam as circunstâncias, estaremos seguros.
Que você possa iniciar essa semana convicto da segurança que há em Cristo Jesus, mesmo em meio às tempestades (Marcos 4:35-41). Deus abençoe! 🙂
- Esse é um tema mais extenso do que eu posso inserir nesse devocional, mas aproveito para deixar a indicação do livro “Você escolherá o deserto?”, de Samuel Whitefield. Um dos melhores livros que já li e, certamente, o meu favorito dos últimos tempos. Acredite em mim quando digo isso: nós precisamos aprender mais sobre o deserto! ↩︎