1Samuel 12 | Deus de recomeços
O capítulo 12 de 1Samuel apresenta uma transição de liderança em Israel, de Samuel como juiz para Saul como rei. É relatado o discurso feito por Samuel quando o povo estava ainda reunido em Gilgal (1Samuel 11:15).
Um testemunho de caráter
O caráter de Samuel é testificado como de um homem justo e bom, que não defraudou, não oprimiu, não recebeu suborno, nem tomou coisa alguma da mão de ninguém. Com isso, fica claro que não havia nada contra Samuel e, portanto, nada contra seu papel como juiz. O caráter dele era um reflexo de andar com Deus.
Ao se colocar diante de Israel de tal maneira, Samuel deixa evidente o pecado do povo em clamar por um rei. E reforça isso diante deles, afirmando seu ministério (1Samuel 12:3-5).
Quando lembrar confronta
Samuel então traz uma retrospectiva para o povo de Israel, a fim de lembrá-los de alguns momentos que marcaram a sua história com Deus. Enfatiza momentos em que o Senhor os entregou para outras nações como juízo, mas também relembra algo importante: quando se arrependeram, abandonaram os ídolos e se voltaram a Ele, Ele os livrou.
Por fim, o discurso culmina no momento em que estão, onde mais uma vez o povo desprezou o Senhor ao pedir um rei para si. E, com isso, Samuel faz um sinal, mostrando que Deus era com ele e causando temor no povo por causa do seu pecado.
Chamado ao arrependimento
Primeiro, Samuel relembra momentos da história a fim de provar que temer o Senhor era o único caminho que lhes faria bem. Depois, ele faz um aviso:
Se temerdes o Senhor, e o servirdes, e atenderdes à sua voz, e não fordes rebeldes às suas ordens, e se tanto vós como o rei que reina sobre vós seguirdes o Senhor, vosso Deus, tudo vos irá bem; mas, se não atenderdes à voz do Senhor, e fordes rebeldes às suas ordens, a mão do Senhor será contra vós, como foi contra vossos pais.
1Samuel 12:14-15
O que Samuel está dizendo, basicamente, é que o Senhor não mudou. A aliança que havia sido estabelecida no Sinai ainda estava em vigor. Obedecer e servir ao Senhor acarretaria em bênçãos, assim como desobedecer e adorar a ídolos acarretaria em maldições. Se foi assim durante toda a história de Israel até aquele momento, por que não o seria agora?
Além disso, apesar de eles terem de fato desejado e pedido por um rei, quem estabeleceu o reinado de Saul foi o Senhor, mostrando mais uma vez Sua soberania (1Samuel 12:13).
Transformado pelo conhecimento
Ao ser confrontado, o povo pede que Samuel interceda em seu favor diante de Deus (1Samuel 12:19). As palavras de Samuel nos versículos seguintes refletem um pouco do caráter do nosso Deus.
- Ele é misericordioso. Não precisamos temer nos achegar a Ele, mas devemos corrigir nossos caminhos e segui-Lo de todo o coração (v.20).
- Ele é único. Não há outro como Ele e só Ele é Deus. O Senhor é o único digno de adoração, e por isso nosso coração não deve ser altar para ídolos (v.21).
- Ele é fiel. Deus não desampara o Seu povo. Por Sua graça fomos incluídos e agora somos parte desse povo. Ele prometeu estar conosco, e Ele é fiel para cumprir cada uma de Suas promessas (v.22).
Samuel conhecia a Deus, e é com base nisso que traz essas palavras ao povo. Se cremos e confiamos que o Senhor é misericordioso, fiel e é o único Deus, precisamos agir de acordo. Conhecer os atributos de Deus e contemplá-Lo leva à transformação de caráter.
Evangelho da ação
Samuel se posiciona com temor, dizendo que não pecaria contra o Senhor ao deixar de interceder por eles e ensiná-los o caminho bom e direito (1Samuel 12:23). Samuel entendia seu papel na nação de Israel e sabia o que o Senhor esperava dele.
Não são apenas os grandes homens e mulheres de Deus que foram chamados a interceder, a proclamar as boas novas ou curar os doentes. O pecado não acontece só de forma ativa, mas também passiva, ao não fazermos o que deveríamos fazer. Por sua vez, o Evangelho precisa ser vivido de forma ativa, pois todos nós temos uma contribuição a fazer pelo Reino.
As últimas palavras de Samuel para o povo são um apelo para que temessem o Senhor e O servissem fielmente, de todo o coração. Que lembrassem das coisas grandiosas que Ele já havia feito, conscientes de que Ele poderia fazer de novo. Mas, também, que se insistissem em praticar o pecado, tanto eles quanto o rei que tanto desejaram morreriam. O contraste é claro: desobediência leva ao pecado, que leva à morte e destruição; obediência leva às bênçãos de viver na presença de Deus.
O sacrifício de Jesus é único e suficiente para nos redimir, mas algo não mudou entre a antiga e a nova aliança: a necessidade de nos arrependermos e dedicarmos nossos corações para o Senhor. O que mudou, no entanto, é uma ótima notícia para nós. O Espírito Santo está conosco em todo o tempo e deseja nos ajudar a viver de forma que O agrade, enquanto Jesus intercede por nós à destra do Pai.
No Senhor, sempre há chance de recomeçar. E glória a Ele mesmo por isso.
Que você tenha um dia incrível na presença de Deus!