boy wearing crown statue

Esse capítulo inaugura a segunda parte do livro de 1Samuel, onde somos apresentados ao benjamita Saul, filho de Quis. É relatado que Saul era um jovem alto e de bela aparência, e que não havia outro como ele entre os israelitas (1Samuel 9:1-2).

Algo perdido

As jumentas do pai de Saul haviam se extraviado, então ele pede ao filho que saia em busca delas. Saul leva consigo outro rapaz, e eles passam por algumas regiões procurando as jumentas, mas não as encontram.

Em determinada altura, Saul fala em desistir e voltar. Porém, o rapaz que o acompanha sugere que eles consultem um homem de Deus que vivia na região em que estavam (Samuel). Saul então constata que não há nada que possam oferecer ao homem, mas o acompanhante diz que ainda possui um quarto de siclo de prata (1Samuel 9:5-8).

Ao chegar na cidade, Saul e o outro rapaz encontraram algumas moças que iam tirar água. Este encontro nos lembra de Gênesis 24, quando Abraão envia um servo para encontrar uma esposa para Isaque. O servo de Abraão buscava uma mulher, Saul buscava as jumentas de seu pai. O primeiro se coloca em oração e pede que o Senhor o ajude a encontrar o que procura, enquanto que o segundo vaga ao acaso, pensa em desistir e somente busca ajuda do homem de Deus porque está acompanhado de alguém que sabe o que fazer.

Somente neste trecho podemos notar algumas coisas interessantes em Saul. Primeiro, não parece que ele tenha boas habilidades de pastoreio (o que sabemos que vem a ser uma característica marcante nas lideranças guiadas pelo Senhor, como a de Davi). Segundo, Saul não soube o que fazer quando não encontraram as jumentas. Ele não pensou em pedir ajuda ou em tomar alguma ação diferente, mas em tomar o caminho mais fácil – de volta para casa. Terceiro, Saul não estava preparado para lidar com problemas no caminho. Não tinha dinheiro e nem comida extra.

Até o momento, a melhor característica que vimos descrita sobre aquele que seria o primeiro rei de Israel é a sua boa aparência. E, como veremos mais à frente, isso não é um bom sinal.

O juiz encontra o rei

No dia anterior à chegada de Saul, o Senhor já havia revelado a Samuel que este seria o rei de Israel. Além disso, Deus diz que usará Saul para livrar Seu povo dos filisteus (1Samuel 9:16). Ou seja, ainda que o povo tenha rejeitado o Senhor como seu Rei (veja o capítulo anterior), Ele ainda estava disposto a usar um homem como rei para ajudá-los.

Os versículos 17 e 18 mostram um contraste entre Samuel e Saul. O profeta, sensível à voz de Deus, soube quem Saul era porque o Senhor o revelou. Saul, por outro lado, se aproxima de Samuel mostrando claramente que sequer conhecia o juiz de Israel.

Um convite de honra

O diálogo entre Samuel e Saul narrado nos versículos 20 e 21 é um prelúdio para o que aconteceria: a unção do benjamita como rei de Israel. Samuel fala sobre a ânsia do povo por um rei, que viria a ser Saul; enquanto que Saul responde com dúvida e a percepção de que era insignificante em Israel.

A origem de Saul, no entanto, não era impeditiva para Deus. Saul foi escolhido pelo Senhor para ser rei de Israel e fazer parte dos Seus planos para o Seu povo. Nada muda esse fato.

Frente a isso, Samuel convida Saul para comer com ele e passar a noite, e ele e o rapaz que o acompanhava recebem o primeiro lugar entre os convidados. Saul recebe a coxa do animal como refeição, enquanto Samuel diz que essa porção lhe foi reservada. Importante notar que a coxa era separada para os sacerdotes (Êxodo 29:27, Levítico 7:32-34). Vemos também que Saul passa a noite no terraço (1Samuel 9:25-26), que era um lugar privilegiado, devido ao frescor.

Com essas atitudes, Samuel honrou Saul antes mesmo de ungi-lo rei. Sabemos que Samuel não estava de acordo com o pedido do povo, mas havia sido instruído pelo Senhor a atendê-lo e assim o fez. Samuel não apenas obedeceu a Deus, mas reconheceu a autoridade que seria atribuída a Saul e o honrou por isso.

Em um mundo dividido como o nosso, precisamos ser lembrados da importância de nos submetermos e honrarmos as autoridades que o Senhor instituiu para nós, mesmo quando não concordamos com elas (Romanos 13:1-7).


O Senhor orquestra encontros e coloca pessoas em nossas vidas por razões que, muitas vezes, nos são desconhecidas. Saul não pretendia ser ungido rei de Israel, mas pretendia encontrar jumentas que se haviam perdido. Mas a vontade de Deus era outra, e em Sua soberania Ele moveu o que precisava ser movido para que o encontro entre Samuel e Saul acontecesse.

Às vezes, nossa intenção até faz sentido, mas não está alinhada com a vontade de Deus para nós. E então, as coisas não caminham tão bem (na nossa visão). Nós percorremos longos caminhos e não encontramos nossas jumentas, seja lá o que isso venha a representar para nós.

Será que vemos a oportunidade que se coloca diante de nós? De podermos buscar em Deus o que Ele deseja fazer em meio àquelas circunstâncias? Será que estamos preparados para oferecer tudo que tivermos ao Senhor? Estamos mesmo dispostos a ouvir as Suas instruções e obedecê-las? Ele vai fazer o que pretende fazer, quer nós façamos parte disso ou não. Então, a pergunta é: você quer fazer parte?

Amar a Deus sobre todas as coisas não é fácil, mas se torna menos difícil quando O incluímos em tudo que fazemos. Em cada decisão que tomamos, em cada problema que enfrentamos, e também em cada alegria que celebramos.

Que nessa nova semana você esteja ciente da presença de Deus em meio às dinâmicas da vida e com coração disposto a ser parte do que Ele está fazendo na terra.

Deus te abençoe! 🙂

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