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Creio que nunca se ouviu falar tanto de produtividade quanto nos dias de hoje. Livros e mais livros, vídeos, posts, podcasts… uma infinidade de material produzido sobre o assunto. Una isso à falta de tempo – que parece ser queixa unânime dos seres humanos – e o conceito de fazer mais com menos se torna cada vez mais atraente.

O problema é que, com isso, tornou-se natural para nós estarmos sobrecarregados. Me parece que é considerado “cool” estar sempre ocupado e trabalhar demais. Não estou demonizando a produtividade, mas no meu ponto de vista o conceito está sendo aplicado de forma perigosa e gerando ansiedade em muitos de nós. Nossa geração está endeusando o tempo.

Quantas vezes você já ouviu alguém falar que desejava que seu dia tivesse pelo menos mais umas 6h (ou qualquer coisa nesse sentido)? Ou que queria não precisar dormir, para poder usar aquelas horas para fazer outras coisas?

Desejar que nossos dias fossem mais longos é crer que Deus errou ao determinar que eles tivessem 24 horas. Achar que dormir é perda de tempo é crer que Deus falhou ao nos criar com a necessidade diária de descanso.

Nós somos seres limitados, com corpos cheios de necessidades que precisamos atender a fim de mantê-los funcionando. Dormir é uma dessas necessidades assim como comer, beber água, etc. O Senhor nos fez assim propositalmente. Ele nos criou necessitados, frágeis e dependentes DELE. Não do alimento, da água ou do sono, mas do Senhor de todas essas coisas. Daquele que as provê para nós dia após dia. Logo, acreditar que pode se satisfazer na produtividade é uma ilusão. Somente somos satisfeitos no Deus que nos criou.

Jesus, no Sermão do Monte, nos questiona: “quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida?”. Logo em seguida Ele continua a confrontar nossa confiança, lembrando-nos de que nosso Pai sabe bem daquilo que precisamos e, por isso, de nada vale preocupar-nos. “Busquem em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas lhe serão acrescentadas.” (Mt 6:27-34)

Ao entregarmos nossas preocupações e ansiedades ao Senhor, viver se torna mais leve. Se respeitarmos os limites do nosso corpo frágil, seremos capazes de enxergar o descanso como bênção do Senhor e não como perda de tempo. Se compreendermos que não é pela nossa força que as coisas acontecerão, deixaremos de lado a busca desenfreada pelo produzir, solucionar, crescer, ganhar, ter, fazer, fazer, fazer.

Devemos nos preocupar em ajuntar tesouros no céu e não na terra (Mt 6:19-21). Sendo assim, sejamos sábios no investimento do nosso tempo, esforço e recursos. Que não nos deixemos levar pela cultura da produtividade desmedida, que amontoa tesouros na terra e gera senso de independência em nossos corações.

Ao invés de nos gastarmos na busca por mais produtividade, que sejamos encontrados derramando em oração nossas preocupações. “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus.” (Fp 4:6-7)

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